Histórico

YMBORÉS RUGBY CLUB: Uma outra maneira de forjar cidadãos!

É uma história singular e bela, a de uma esporte que tem duas faces distintas, mas não distantes entre sí. Trata-se do Rugby, que, à primeira vista, pode parecer uma apologia à rudeza e ao abrutamento, mas o cerne de sua filosofia é a construção do ser humano na sua plenitude: músculos, coração e olhos atentos aos laços fraternais e à generosidade sem limites.

Uma vez em contato com o Rugby, não há como estancar a paixão pelos seus mecanismos, ainda que, aparentemente, de movimentos bruscos e impetuosos, mas que trazem o lirismo do sentimento coletivo, a preocupação com o outro, ainda que este seja o adversário em campo. O sacrifício aparente naquele 80 minutos de partida é uma oferenda à amizade, à consciencia de que o caminho para um mundo melhor passa, necessariamente, pelas mãos sempre estendidas à partilha. No rugby, a bola não é troféu à individualidade, mas uma pássara ovalada que voa entre mãos, costurando, à passagem, um sentimento de garra, de união e de respeito ao competidor.

Pouca gente, nesta terra das artes que é Vitória da Conquista, conhece este esporte que conquistou o coração generoso de Mandela, este grande líder de olhar prospectivo e voltado a luminosa consciencia de que somos "anjos de uma asa só; para voar necessitamos do outro". Seu olhar aguçado sobre a face humana bpercebeu o poder agregativo daquele esporte e o levou para a África do Sul, conseguindo uma das mais belas façanhas do mundo: derrubar o muro da segregação racial, a mancha desumana do Apartheid. Num jogo de Rugby, a cor da pele, em vez de separar, torna-se um hino a diversidade, uma louvação à estética humana, um abraço fraterno.

Jônatas Verde, um jovem que fora para São Paulo estudar teologia, por um capricho do destino, deparou-se, la, com o Rugby e tomou-se de encantos por ele. Os grandes encontros são assim: chegam de mansinho, sem muito alarde e, quando vemos, já nos tomaram a vontade, o coração, o corpo.

De volta a Vitória da Conquista, ele juntou a galera, ensinou as "regrinhas" e montou, no seu território sagrado - a garagem da Igreja Centenário-, um baba de Rugby. Foi um encantamento sem medidas. O interesse e a paixão pelo esporte tomaram aquele jovens, e a sede de conhecer mais os fundamentos do Rugby passou a fazer parte do sentimento de quem tomava contato com aquele jogo diferente e atrativo.

Ocorre que, como tudo na vida é fruto de um esforço em conjunto, o Rugby não poderia ser diferente. Para se chegar até aqui, mãos laboraram juntas num "Motirô" - desmedido (no Tupi-Guarani, mutirão, coisas construídas em conjunto). Sendo assim, além de Jônatas Verde e Gabriel Couto, uma pessoa foi de suma importância para que se chegasse ao patamar de hoje: André Filipe, amigo em comum dos dois, viabilizou o encontro, sem demora, abraçaram a causa do Rugby.

O fluxo de emoções despertadas, o lirismo silencioso daquele esporte, a sede da paixão acesa e a curiosidade juvenil daqueles poucos os levaram a dar o melhor de si até montar a equipe e idealizar o projeto.

Que nome então caberia naquele time que representava toda uma esperança e uma conquista? Ora, por estarmos na cidade mais artística do sudoeste baiano, onde se misturam música, artes plásticas, leteratura e que tem um vínculo com os cantares tribais, sobretudo dos ramos Mongoiós e Ymborés, nada mais justo que buscar neles a inspiração. Até porque o índio era bom de luta até nos esportes. Que tal Ymborés Rugby Club? Pronto: estava batizado o time.

O time consegue espaço para treinamento no estádio Lomanto Júnior. Logo depois, acontece o primeiro torneio. A garra dos jogadores só era menor que a determinação em propagar o esporte. Os admiradores foram-se chegando, até que um professor da UFBA, o chileno Daniel Tápia, apaixonado jogador, sabendo do Ymborés, se oferece como treinador. Foi uma conquista de grande importância.

A 9 de Novembro de 2012, realiza-se, então a primeira assembléia geral. Entretanto, em razão das dificuldades, somente em 2014, sai o Registro oficial do time.

Tanto no campo, como fora, o Ymborés vem-se consagrando com participações em campeonatos em todo o Estado da Bahia.

Já com uma equipe feminina de Rugby, o time vem ganhando, mostrando, em outros municípios, a grandeza deste esporte e levando avante o nome e a face empreendedora de Vitória da Conquista.

O Ymborés Rugby Club traz, em si, um mesclado de lirismo, garra e determinação. O que falta? Apoio. Há que se estenderem mãos para soerguer este esporte que, além de traquear o corpo, ajuda moldar o caráter e emoldurar a alma.

 

Texto escrito por: Esechias Araújo Lima

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